30 de nov. de 2010

PILCHAS


PILCHAS

Não pensem que são pirilampos

essas estrelas lá fora.

É a lua clara dos campos

refletida nas esporas.

Se uso vincha na testa

é pra ver o mundo mais claro.

Não vendo o mundo por frestas

lhe posso fazer reparos.

Sem cinturão nem guaiaca

me sinto quase em pêlo.

Quando meu laço desata

sou carretel de novelo.

Da bodega levo um trago

para matar aminha sede.

Meu chapéu de aba quebrada

beija-santo-de-parede.

Atirei as boleadeiras

contra a noite que surgia.

Noite a dentro entre as estrelas

se tornaram três-marias। ।

LUIZ CORONEL

Nascido em Bagé em 1938. Bacharel em Direito, Sociologia e Política, reside em Porto Alegre, onde trabalha como diretor de publicidade. Criou e dirige a Exitus, empresa de publicidade. É compositor musical, possuindo diversos prêmios como letrista nas Califórnias da canção nativa. Poeta, sua obra é voltada preferencialmente para a temática da terra, no que retoma a tradição do cancioneiro sul-rio-grandense. Dentre suas obras literárias, destacam-se: Mundaréu, Retirantes do sul, Cavalos do tempo, Baile de máscaras, Pirâmide noturna, Clássicos do Regionalismo Gaúcho. sua obra recebeu diversos prêmios, entre os quais: Prêmio Influência Poesia Espanhola, Universidade de Pamplona, Espanha, em 1990, e Premio Octavio Paz, da Revista Plural, Universidade do México, pelo livro Pirâmide Noturna.