Em 1809, o marechal Dom Diogo de Souza tomou posse, em Porto Alegre, da capitania Geral de São Pedro. A missão atribuída a ele era essencialmente militar, deveria intervir na região do Prata para combater os movimentos revolucionários que havia em Buenos Aires e Montevidéu.
Em 1811, começou no interior do Uruguai um movimento, chefiado por Artigas, contra os espanhóis. O príncipe regente do Brasil, Dom João VI, ordenou que Dom Diogo se organizasse com grande exército e fosse em socorro aos exércitos espanhóis. Foi assim que Dom Diogo de Souza iniciou sua campanha à frente do denominado “Exército Pacificador” acampando por um tempo nos cerros de Bagé.Em 17 de julho de 1811 (data oficial da fundação de Bagé) o Exército luso-brasileiro deixou o acampamento, em direção ao Uruguai. Nesta data, Dom Diogo de Souza, em ofício ao tenente Pedro Fagundes de Oliveira, o fez “deste campo e seu Destricto a cujo fim lhe dou toda a autoridade necessária”.
Este ato, que se pode chamar de declaração de nascimento de Bagé, contém três detalhes interessantes:
a) A declaração de existência do Distrito de Bagé, até então nunca referida;
b) A recomendação para a conservação do campo, que era a designação do povoado surgido do acampamento;
c) A nomeação de um comandante de distrito.
Pela organização política e administrativa do Brasil, à época, os comandantes de distrito seriam nomeados para os lugares povoados, com funções militares, administrativas e jurídicas.
Foi nomeado o 1º Comandante do Distrito de Bagé, o capitão Pedro Fagundes de Oliveira, em 17 de julho de 1811.
Bagé na Revolução Farroupilha
Em 20 de setembro de 1835, toda tolerância do povo gaúcho acabou. Eclodia a maior guerra civil do país, a Revolução Farroupilha. O descaso do rei e os abusivos impostos sobre o charque, que movia a economia na época, furtavam a província de São Pedro de qualquer possível desenvolvimento. A guerra foi o grito de liberdade que, em 1836, tornou-se mais forte do que nunca, com a proclamação da República Rio-grandense por Antônio de Souza Neto, nos campos de Bagé. A província era, agora, um país com povo, território, bandeira, constituição e hino (o mesmo ecoado até hoje no RS). Houve eleições na província em pleno regime monárquico. De acordo com documentos da época, Bagé foi Capital Farroupilha de agosto de 1841 a abril de 1842.
Mediante a coletânea de historiadores, Bagé foi um forte marco na Revolução Farroupilha, seja por sua situação geográfica ou pela produção de líderes.
Bagé na Revolução Federalista
Mais uma vez a política exaltava os nervos dos gaúchos. Em 1893, quase no final do século XIX, eclodia a Revolução Federalista.
O cenário, na época, dividia o RS entre os seguidores do ditador Júlio de Castilhos e os Federalistas comandados por Gaspar Silveira Martins, Pica-Paus (castilhistas) e Maragatos (federa-listas) se enfrentaram durante três anos. Foi a guerra mais sangrenta da América Latina com mais de 10 mil mortos.
O bageense Gaspar Silveira Martins, embora contrário às guerras, foi o grande mentor da revolta que abalou o Estado. Cunhado de Júlio de Castilhos, poderia ser conivente com a política da época, mas preferiu defender os produtores da região da Campanha, castigados pelas dificuldades do mercado interno e prejudicados pelos contrabando da região fronteiriça.
Um célebre diálogo marcou a personalidade forte do fundador do Partido Federalista. Foi a resposta ao pedido de coalisão feito pelos dissidentes republicanos, na pessoa de Homero Batista. Gaspar Silveira Martins assim se expressou:
“Meu caro amigo, és muito moço para convenceres um velho!
Ideias não são metais que se fundem...”
Fazem parte dessa luta fratricida o cerco a Bagé e a degola da Lagoa da Música.